Sentido de justiça

22, Fev 2022
A noção de justiça surge muito mais cedo do que pensavam os especialistas. Sabia-se, de estudos anteriores, que aos dois anos as crianças conseguem ajudar-se e que aos seis demonstram comportamentos justos.
Sabe-se agora, resultado de uma investigação da Universidade de Washington liderada por Jessica Sommerville, que aos 15 meses um bebé já tem sentido de equidade e é capaz de perceber se lhe serviram mais ou menos comida que a outra pessoa.
Durante a investigação foram analisados 47 bebés, todos com cerca de 15 meses, que ao colo dos pais assistiram a pequenos vídeos. Num dos filmes, era mostrada uma pessoa que divide uma taça de bolachas de forma equitativa por duas pessoas, primeiro, e de forma desigual, depois. No segundo vídeo, o procedimento era o mesmo, mas com um jarro de leite. O objectivo era perceber se os bebés davam mais atenção a alguma parte dos vídeos.
Os investigadores concluíram que os bebés se fixavam mais naquilo que os surpreendia e «Olhavam com mais atenção quando um dos recipientes se enchia com mais bolachas ou com mais leite do que outro”.
Importância da educação
Os pais devem ter consciência da importância da educação moral nestas idades porque, embora às vezes possa parecer que as crianças não se apercebem, elas são muito permeáveis desde muito cedo.
Numa segunda fase, os investigadores deixaram os bebés escolher brinquedos, para perceberem quais eram os seus preferidos. Depois, um desconhecido aproximava-se do bebé e pedia um dos brinquedos. Um terço dos bebés partilhou o brinquedo preferido, outro terço aceitou partilhar um dos brinquedos de que menos gostava e os restantes recusaram-se a dividir os brinquedos, “essencialmente devido à desconfiança causada pelo estranho”.
Jessica Sommerville afirma que, os resultados obtidos demonstraram que desde “muito pequenos há diferenças individuais relativamente a comportamentos morais, como o altruísmo”.
Após cruzarem os dados das diferentes fases do estudo, os peritos concluíram que “92% dos bebés que partilharam o brinquedo preferido (chamados de participantes altruístas) gastaram mais tempo a observar as distribuições desiguais de alimentos”. Pelo contrário, “86% das crianças que partilharam o jogo que menos gostavam (‘os participantes egoístas’) concentram mais a sua atenção nos momentos em que havia uma divisão mais justa”.
As crianças com sentido de justiça mais desenvolvido são também as que têm maior facilidade em partilhar os brinquedos.
Fonte: Revista Pais & Filhos
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